UM ENCONTRO FANTÁSTICO
(Adatação do conto de João Anzanello Carrascoza)
Todos os anos eles se
(ver) na floresta, à beira de um rio.
Eles
(dizer) que gostam de falar de sua fama.
Eles
(ser) criaturas fantásticas e cada uma
(vir) de um canto do Brasil.
O Saci pererê
(sair) de casa e chega primeiro.
Ele
(ser) um moleque pretinho.
Ele
(pôr)-se um barrete vermelho na cabeça.
Ele
(ir) andando com sua perninha.
Ele não
(saber) ficar em um lugar sem seu cachimbo.
Ele sempre
(trazer) a Serpente Emplumada consigo.
A serpente
(ter) grandes penas de ave e sempre chocalha seu rabo.
Uns minutos mais tarde, aparece das folhagens o Lobisomem que
(ter) uma a cara toda peluda, os dentes afiados e enormes.
Mais tarde, aparece o tropel de uns cavalos que
(trazer) o Negrinho do Pastoreio montado em pêlo no seu baio.
Ele
(dar) umas voltas em frente dos outros e
(dizer) – Só falta o Boto.
– Se tivesse alguma moça aqui, ele já teria chegado para seduzi-la –
(dizer) a Serpente Emplumada.
– Eu
(ouvir) um rumor à margem do rio –
(dizer) o Negrinho. É o Boto que
(sair) das águas na forma de um belo rapaz.
– Agora estamos todos – comenta o Negrinho do Pastoreio.
– E então? – pergunta o Boto, saudando o grupo. – Como
(estar) as coisas?
– Difíceis – responde o Saci enquanto solta uma baforada. – Eu já não assusto muita gente nesses dias. Parece que as pessoas lá no nordeste não
(ter) mais tanto medo de mim.
– Lá no norte se
(dar) o mesmo – comenta o Boto.
– Em alguns locais, ainda atraio as mulheres, mas em outros elas nem ligam.
– Comigo acontece igual –
(dizer) o Negrinho do Pastoreio.
– Eu
(sentir) que
(perder) meu jeito de assustar.
– Seu caso é diferente –
(dizer) o Lobisomem. – Você não
(ser) assustador como eu, o Saci e a Serpente Emplumada. Você é um herói.
– Mas nós
(ter) a mesma dificuldade – discorda o Negrinho do Pastoreio.
– Hoje
(haver) muita concorrência –
(dizer) o Boto. – Andam aparecendo muitos heróis e vilões novos.
– Pois é – resmunga a Serpente Emplumada. – Até bruxas andam importando. Tem monstros demais por aí... – São todos produzidos por homens de negócios – fala o Saci. – É moda. Vai passar...
– Espero –
(dizer) o Lobisomem. – Bons aqueles tempos em que eu reinava no país inteiro, não só no cerrado.
– A diferença
(ser) que somos autênticos – acrescenta o Negrinho do Pastoreio. – Nós nascemos do povo.
– É verdade – comenta o Boto. – Mas
(ter) de refrescar a sua memória.
– Se pegarmos no pé de uns escritores, a coisa
(poder) melhorar – fala a Serpente Emplumada.
– Eu conheço um – fala alto o Saci. – Vamos juntos atrás dele! – e é o primeiro a se mandar, a mil por hora, em uma perna só.